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Roda Dos Livros

Também há rios no céu, de Elif Shafak

Patrícia, 22.09.25

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Uma gota de água cai sobre Assurbanípal, em Nínive, Mesopotâmia. A mesma gota de água é uma lágrima de Zaleekah, é um floco de neve no nascimento de Rei Artur dos Esgotos e Pardieiros (quão maravilhoso é este nome?) e testemunha de Narin. A ideia da memória da água é fabulosa e central neste livro que nos conta as histórias de 3 personagens, em três tempos diferentes. Artur, um menino nascido nas margens do Rio Tamisa em 1840 é baseado em George Smith, o tradutor da Epopeia de Gilgamesh, e é O personagem. Durante muitas páginas acompanhamo-lo a encontrar o seu destino. Zaleekah é uma mulher do nosso tempo, numa viagem de autoconhecimento, de reconstrução após um divórcio complicado. E Narin, uma menina com um diagnóstico de surdez que me levou a conhecer a história dos Yazidis, uma minoria religiosa curda que sofreu um genocídio pelo estado islâmico entre 2014 e 2017. A forma como as vidas destas três personagens se entrelaçam é a magia deste livro.

Há livros que nos agarram nas primeiras páginas, que nos obrigam a ler mais e mais. São esses que procuramos sempre que começamos mais uma leitura. E é isso que eu encontrei neste Também há rios no céu.

Apesar de já ter tido várias recomendações nunca tinha lido nada da escritora, agora quero ler tudo. Encontrei uma história bem contada, dura, mas com esperança. Não é uma história de amor, mas há muito amor nestas páginas.

Com Artur conhecemos uma história de superação, de alguém que não pertence ao seu tempo, à sua própria realidade, que precisa afastar-se para se encontrar. Com Zaleekah, o reconhecimento. Poderia ser amiga desta mulher, profissional competente que luta para sair da sombra dos homens e para descobrir quem é. A Narin, uma menina que é vítima da maldade humana e que, no mundo de hoje, representa demasiadas crianças.

Este foi, sem dúvida, um dos melhores livros do meu ano de leituras.

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