Encontro de Outubro/2025
O sábado chuvoso que encontrámos no passado dia 25 não foi suficiente para nos afastar de mais uma tarde de conversas em torno dos livros. Aliás, há mesmo quem ache que o tempo chuvoso e frio (ainda não muito) é o mais propício a estas sempre animadas tertúlias.
Desta vez, a chuva não foi só lá fora porque a casa estava cheia, incluindo um novo leitor canino, desta vez a fofa Trufa, que distribuiu lambidelas e simpatia.
Fui eu a abrir as hostilidades, destacando "Fome", de Roxane Gay, e "Prisioneiros da Geografia", de Tim Marshall. Ultimamente, ando mais virada para as leituras de não ficção e estes dois foram os que mais me marcaram de entre os últimos lidos. "Fome" é um relato cru e visceral sobre o trauma e a obesidade, provando que Roxane Gay é excelente seja a escrever ficção ou não ficção. "Prisioneiros da Geografia" é um livro que permanece atual, mesmo após 10 anos decorridos sobre a sua publicação original e considerando que a geopolítica é uma questão em permanente alteração.
A Sónia foi a cliente que se seguiu, e recomendou-nos "Inyenzi ou as Baratas", de Shcolastique Mukasonga, um livro que trouxe uma visão impactante sobre o massacre do Ruanda nos anos 1990. Outra leitura referida, infelizmente não com um impacto tão forte, foi o clássico "A Morte de Ivan Ilitch".
De seguida, "A Coroa" de Sigrid Undset não deslumbrou a Renata mas serviu para que as rodistas presentes percebessem a diferença entre as palavras percursor, precursor e percussor, provando que podemos sempre ver o copo meio cheio! "Por Dentro do Chega" foi também um livro bastante falado nesta Roda, tendo as leitoras presentes sugerido que fosse consumido em doses homeopáticas. A Renata recomendou-nos "Gaza está em toda a parte", de Alexandra Lucas Coelho, um livro de crónicas acompanhadas de fotos que a autora coligiu após viagens recentes ao local.
A Vera deixou-nos imensas recomendações, com particular destaque para "Dei-te os olhos e viste as trevas", de Irene Solá (que título fantástico!) e "A chuva que lança areia do Saara", de Ana Margarida de Carvalho. Também a Cristina Delgado, que faz magia e consegue ler pelo menos sete livros ao mesmo tempo
, nos deixou imensas sugestões, com destaque para "Eu Tituba, Bruxa... Negra de Salem", de Maryse Condé, uma ficção histórica sobre esta personagem real.
A Fernanda partilhou connosco a sua paixão por Elizabeth Strout, cuja obra ainda continua a descobrir, tendo-nos recomendado "Amy e Isabelle" e "Abide With Me". Tem também andado a descobrir a obra da Nobel coreana Han Kang, com "A Vegetariana", "Atos Humanos" e "Lições de Grego". Não esquecer os textos de Eduardo Galeano em "O Caçador de Histórias", um livro difícil de catalogar em que se alternam contos, crónicas, memórias, poesia e micro-ficção.
A Márcia estava a terminar e a gostar muito de "O que podemos saber", o livro mais recente de Ian McEwan, uma espécie de distopia com um pendor mais literário e filosófico, que promete fazer-nos refletir sobre o que andamos a fazer ao nosso mundo atualmente e no legado que deixaremos a gerações futuras. Claro que todas adorámos também ouvir a Márcia falar sobre os livros que começou e não terminou
.
A Ana Borges recomendou-nos em especial "O Cérebro Ideológico", de Leor Zmigrod, um livro de não ficção que promete explicar com fundamento científico porque é que somos mais ou menos propensos a aderir a determinados dogmas.
Para finalizar, as recomendações das nossas Sofias: a Sofia Antunes falou-nos de "The Inheritance of Loss" (A Herança do Vazio), de Kiran Desai, um livro que venceu o Booker Prize em 2006 e que aborda os efeitos do colonialismo e do pós-colonialismo na Índia; a Sofia Castro deixou-nos com a recomendação de "Imperatriz" de Pearl S. Buck, uma biografia ficcionalizada da última imperatriz chinesa, Cixi.

Em novembro há mais!













